Diário do Nordeste

 

Casa Marreiro atrai visitantes de Canindé

O estabelecimento comercial é um dos pontos turísticos do município que mais atraem curiosos

 

Fortaleza, Ceará - Domingo 02 de janeiro de 2000

 

Fundada em 1937, no antigo mercado público de Canindé, hoje Praça Azul, a Casa Marreiro é atualmente um dos pontos turísticos do município devido às curiosidades ali existentes. O atual responsável pelo comércio, poeta Natan Marreiro, filho do fundador já falecido, Raimundo Marreiro, folclorista e comerciante, revela com orgulho os artigos expostos na loja. Romeiros de diversos locais do Nordeste já colocaram no roteiro turístico a Casa Marreiro, devido às novidades que lá encontram.

     Segundo ele, Raimundo Marreiro era defensor da cultura do Ceará e sempre que podia promovia reisados, papangus, bumba-meu-boi do Ceará, além de corridas de jumentos. Realizava ainda pegas de cantadores e violeiros e testamentos de judas.

     A Casa Marreiro, localizada na rua Joaquim Magalhães, no centro comercial de Canindé, tornou-se uma atração para os romeiros que visitam o santuário de São Francisco. Quem chega na cidade fica admirado com as inúmeras curiosidades existentes no local. São bainhas para foice, chifre, sapatos para cavalo, cadeado gigante feito de madeira, parafuso e revólver gigantes e outros objetos que deixam os visitantes surpresos.

     Um detalhe que chama a atenção dos frequentadores da loja é a forma como Natan Marreiro atende os clientes: com poesia. Quem chega ao estabelecimento, procurando saber a origem dos produtos, Natan sempre responde à curiosidade. Há uma tradição das pessoas do sertão que quando encontram objetos interessantes dão de presente. Com o passar dos anos, seu pai foi acumulando os produtos estranhos, chamando assim a atenção dos visitantes.

     Natan cita o exemplo de uma bucha de 1,6 metros, a maior do mundo, que está no ‘‘Guinness Book’’. Há ainda uma corrente de madeira sem emendas, um ninho de joão-de-barro em extinção e cachimbo da paz gigante. Em meio a essas explicações, surge a lembrança do radialista Tonico Marreiro, hoje na Rádio Vanguarda de Caridade, que conta que seu pai defendeu em verso um réu que conseguiu ser absolvido. ‘‘Foi uma grande festa, porque muitos acreditavam na condenação daquele homem’’, lembra Tonico.

     Recentemente a Casa Marreiro recebeu destaque em Nova York, através de sua vaquejada volante, um dos pontos de grande atração por parte dos turistas. Para o empresário Assis Vidal, proprietário de uma lojinha, a Casa Marreiro representa hoje para Canindé o mesmo que o Museu de Luiz Gonzaga significa para Exu. ‘‘Aqui estar a parte viva do nosso folclore, e quem é amante das coisas do sertão tem uma admiração e um carinho muito grande pelo que representa o local em termos de atração’’, disse.

     Outro nome identificado com a Casa Marreiro é o capitão de fragata da Marinha Mercante do Brasil, Arimatéia Bezerra, um amante do folclore. ‘‘Essa é a verdadeira casa do sertanejo’’, diz. Natan passa a maior parte do tempo com o cavaquinho, de preferência, tocando as músicas de Luiz Gonzaga. (Antônio Carlos Alves)

     

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  Fortaleza, Ceará - Domingo 02 de janeiro de 2000

Poesia faz homenagem



     ‘‘Desde o velho mercado. Até o mercado novoPra satisfazer o povo. Ele teve esse cuidado. Ter de tudo um bocado. Quase como obrigação. Caixeiro bom no balcão. Atendendo bem ligeiro. Porque na Casa MarreiroTem tudo para o Sertão.

     

     

     Tem prego, tem dobradiça. Fechadura e parafuso. Não fica ninguém confuso. Ah! Se você me ouvisse. Reparasse o que eu disse. Prestasse bem atenção. Não andava à toa não...Gastando tempo e dinheiro. Porque na Casa Marreiro. Tem tudo para o Sertão.

     

     Sola por meio e por tira. Por quilo vende também. O freguês se sente bem. Que até se admira. O que digo não é mentira. Não duvides meu patrão....Tenho como obrigação. De falar nesse roteiro. Porque na Casa Marreiro. Tem tudo para o Sertão’’.

 

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